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segunda-feira, 19 de novembro de 2007

É tudo mentira?

Os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, o IPCC, da ONU, fizeram esta semana sua quarta e última reunião do ano. Eles reafirmaram o que foi a pior notícia de 2007, talvez do século: a Terra está em aquecimento acelerado e a culpa é nossa, do ser humano.
Ganharam o prêmio Nobel da Paz, mas não a unanimidade. Alguns cientistas ainda desconfiam da gravidade do problema e questionam os estudos do IPCC. Recentemente eles foram ouvidos pela televisão inglesa em um documentário que começa assim: "Em todo lugar você escuta falar que está absolutamente comprovado que o homem é o responsável pelas mudanças climáticas. Mas o que estão dizendo por aí é mentira."
A Terra está ficando de fato mais quente, mas a causa não é o gás carbônico, diz o professor Tim Ball, da Universidade de Winnipeg, no Canadá. O documentário inglês procura dar um nó em tudo que aprendemos sobre mudanças climáticas. Para eles, o clima da Terra sempre sofreu variações. O aquecimento que estamos vivendo seria natural.
Para provar que não haveria relação entre CO2 e calor, os céticos do aquecimento global argumentam que a temperatura do planeta subiu muito até 1940, quando a produção humana de CO2 era baixa. Depois, no pós-guerra, quando aumentou a atividade industrial e consequentemente a liberação de CO2, a temperatura caiu.
Mas tudo o que é dito no documentário "A fraude do aquecimento global" é contestado pelos cientistas do IPCC, o grupo premiado com o Nobel.
“É correto dizer que mudanças climáticas sempre existiram”, diz Leo Meyer, membro do IPCC. “Mas o aumento de temperatura que vivenciamos nos últimos 50 anos, tão grande e em tão pouco tempo, nunca aconteceu, pelo menos, nos últimos dez mil anos”.
Sobre a relação entre produção industrial e a subida dos termômetros em meados do século passado, Leo Meyer diz que aqueles foram aquecimentos esporádicos. Além disso, a concentração de CO2 não foi predominante para esses aumentos da temperatura. Outros fatores influenciaram mais, como o sol, vulcões, e fenômenos naturais como o El Niño.
Para explicar a relação entre CO2 e calor, os cientistas costumam examinar colunas de gelo, porque elas contêm amostras da concentração de gás carbônico armazenadas ao longo de milhares de anos.
Segundo essa teoria, historicamente, nos períodos em que a concentração de CO2 foi alta, a temperatura também subiu. Pois agora, a turma que desmente o aquecimento diz que não é nada disso.
Segundo eles, o aumento de CO2 na atmosfera acontece depois que as temperaturas sobem e não antes. Portanto, a maior quantidade do gás seria conseqüência do calor e não sua causa.
E o que diz a turma do IPCC? Eles argumentam que essa explicação só fazia sentido no passado, porque, quando a atmosfera se aquece, os oceanos esquentam e, em seguida, liberam o CO2 que armazenam. Só que agora, nos últimos 50 anos, o gás carbônico é que está levando a um aumento da temperatura. É ao contrário.
Se, como dizem os críticos do aquecimento, o CO2 não é a causa do aquecimento global, então, por que a temperatura média na Terra aumentou quase um grau nos últimos 150 anos? Para o pessoal do documentário o motivo está no céu: um aumento da atividade solar.
Quem diz "mentira!" agora são os cientistas do IPCC. Em seus estudos, eles já levaram em conta a radiação solar.
“A variação da atividade solar faria a temperatura no século 20 crescer no máximo 0,1 graus. Ela subiu quase 0,8 graus. Então, a radiação solar explicaria um pequeno aumento de temperatura e não explicaria mais esse grande aumento de temperatura que nós tivemos nos últimos 15 anos”, explica Carlos Nobre, membro do IPCC.
Portanto, para o IPCC e para a grande maioria dos cientistas, a causa do aquecimento é mesmo do CO2.
“Não há a menor dúvida que o gás carbônico e os outros gases que causam o efeito estufa estão aumentando muito nos últimos 200 anos, com a queima do petróleo, do carvão, do gás natural, das florestas com a agricultura. E esses gases fazem o que eles sempre fizeram: eles aquecem a superfície”, afirma Carlos Nobre.

(Fonte: Fantástico)

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