Uma evolução causada pelo aumento da consciência política da população. Assim foi classificada a onda de manifestações populares no Brasil durante o 3º Seminário de Gestão Pública do Estado do Rio de Janeiro, realizado nesta terça-feira (26/11) na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). A mesa, formada pelos professores Breno Bringel (IESP/UERJ), Monique Goldfeld (FGV/CPDOC) e Paulo Motta (FGV/CEBAP), debateu como a repercussão das manifestações, que no Brasil ganharam força no mês de junho deste ano, mudou as regras de como fazer política no País. O seminário é um evento anual realizado em parceria entre a Associação dos Gestores Públicos do Estado (Gestrio) e o Fórum Permanente de Desenvolvimento Estratégico do Rio.
Paulo Motta disse que as insatisfações populares ganharam força porque se antes haviam reclamações por acesso aos serviços públicos, agora passaram a existir cobranças pela qualidade desses serviços. Segundo o professor, as manifestações desse ano foram marcadas por uma crescente participação da classe média, mais consciente dos seus direitos e das obrigações dos governantes perante a população. "Com a ampliação da classe média no Brasil, aquela parcela da população que passivamente esperava o governo trazer os serviços, como se fosse um ato de caridade, agora sente o governo de outra maneira. Uma vez que pagam mais impostos e são mais regulados pelo poder público, também cobram deste mais eficiência em seu trabalho", explicou Motta.
Já Monique Goldfeld apontou que a globalização e as novas tecnologias de comunicação são os geradores das principais mudanças nas revindicações da população. Segundo ela, as redes sociais não só integram a população ao governo, mas também agregam a população de outros países aos movimentos. "Desde dezembro de 2010 na Tunísia, o primeiro movimento da chamada primavera árabe, sucederam-se revoltas no Egito, Líbia, Síria, Turquia, entre outros, com grande articulação nas redes sociais", exemplificou a professora, que lembrou também do movimento dos indignados na Espanha, do "ocupa" nos Estados Unidos, e das manifestações no Brasil, que chegaram a ser chamadas de primavera carioca, uma clara referência às revoltas no Oriente Médio. A internet, segundo Goldfeld, também criou mecanismos de fiscalização dos governos para a população, e com isso, os gestores terão que aprender a administrar não mais olhando de cima pra baixo, mas de baixo para cima, levando cada vez mais em consideração os anseios da população.
Texto de Fábio Peixoto
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.