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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A revolta das capivaras / Huayrãn Ribeiro

Mirem-se no exemplo dos moradores do bairro Capivari (Capivari quer dizer – rio das capivaras) que inconformados com a inoperância governamental resolveram fazer um protesto interditando a pista que liga a comunidade ao bairro Amapá em Duque de Caxias.
É isso que está faltando ao nosso povo: mobilização.
Moradores do Capivari demonstraram essa capacidade de mobilização e enfrentaram o poder público cobrando providências, exigindo os seus direitos, exigindo respeito, com força, com coragem e a determinação de quem vem sofrendo as conseqüências de tanto descaso e abandono.

Quero aproveitar a oportunidade e pedir aos colegas blogueiros e aos que tem seus sites e até aqueles que têm suas comunidades no Orkut, Facebook, Twitter, etc., que não se limitem a expor nossos bairros, nossas comunidades sem expor os principais agentes dessas desgraças: o Estado (seja Municipal, Estadual ou Federal).
Temos que mostrar os dois lados da moeda.
A grande mídia expõe diariamente em seus noticiários, homens, mulheres, crianças, idosos em situações constrangedoras como meros figurantes de um filme de terror. Essa mesma mídia se esquece de apresentar, expor e denunciar os protagonistas dessas obras macabras.
Você liga a TV e assiste a uma massa de pessoas (Brasil a fora) implorando uma vaga em algum hospital ou jogados pelos corredores aguardando um atendimento médico que não vai acontecer.
Quando não é isso são pessoas, famílias inteiras reivindicando saneamento básico: água, esgoto, asfalto...
O noticiário não se cansa de mostrar a covardia contra o trabalhador que depois de um dia duro de batalha só quer voltar pra casa e não consegue porque não tem condução.
Eu poderia enumerar uma centena de outras aberrações promovidas pelo o Estado contra o povo como é o caso da educação, segurança, mas vou parar por aqui.
Penso que, se quisermos realmente, definitivamente dar alguma contribuição para as nossas comunidades temos que rever nossos conceitos e tomar partido, sim, ficar ao lado do povo.
O povo não pode contar com a mídia oficial, só lhes resta a mídia alternativa que somos nós.
O povo não pode contar com suas lideranças comunitárias, pois as mesmas são uma raridade, são quase inexistentes. A maioria das comunidades está repleta de falsas lideranças que estão a serviço do Estado o que quer dizer que estão pensando (apenas) em se promover ou arranjar uma boquinha aqui ou ali, em outras palavras, estão contra o povo.
Se essas comunidades não podem contar com suas “lideranças” só lhes resta a mídia alternativa que somos nós.
A minha proposta não é reivindicar, cobrar, exigir nada mais nada menos daquilo que é de atribuição do Estado.
A minha proposta é que coloquemos na berlinda os responsáveis, os promotores dessas maldições contra o eleitor que depositou o seu voto e não quer nada mais nada menos que o Estado faça o seu dever de casa.
Vamos parar de constranger nossa gente com essas matérias sensacionalistas e imagens humilhantes e apresentar o principal promotor e/ou intermediário de tantos sofrimentos às nossas comunidades: o Estado.
Penso que, se quisermos realmente dar algum tipo de contribuição para as nossas comunidades temos que rever nossos conceitos e tomar partido, sim, ficar ao lado do povo.
Não existe meio termo: ou ficar ao lado do povo ou ficar contra o povo.
Não se iludam, estamos vivendo uma falsa democracia e o Estado conta com uma poderosa rede de aliados (cúmplices) para pensar, arquitetar, maquinar coisas contra o povo.
O Estado coloca contra o povo (além dos seus desserviços) o tráfico de drogas, a milícia, a polícia (às vezes manda até o exército) e mais: as igrejas, ONGs, fundações, associações e tudo isso regado a muito assistencialismo e esmola à vontade. E para fechar com chave de ouro esse belo esquema não poderia faltar a grande mídia (claro) com suas belas propagandas enganosas e um eficiente serviço de desinformação.
Muito bem, vou fazer uma pergunta: sabem o que resta pra esse povão?
Só lhes resta a mídia alternativa que somos nós.

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