Letícia Vieira - Extra / RIO - Às vésperas do Provão nas escolas municipais do Rio, uma professora fez um desabafo sobre a situação da educação na cidade, que comparou ao Titanic (transatlântico que afundou na sua viagem inaugural em 1912), diante de milhares de estudantes que não sabem ler nem escrever. Em um texto enviado ao Extra, batizado de "Estrangeiros em seu próprio país", a professora de inglês Palmyra Baroni, de 32 anos, afirma que o resultado da avaliação pode ser ainda pior do que o apresentado na prova de português do último dia 10.
Professora da rede pública do Rio de Janeiro escreve desabafo sobre a situação do ensino na cidade
A professora Palmyra Baroni enviou carta ao Extra onde demonstra sua preocupação com o desempenho dos alunos durante o Provão:
'Às vésperas de mais uma avaliação da rede pública de ensino da Prefeitura do Rio de Janeiro, que ocorre no dia 19 de março, encontro-me sobrecarregada de informações e instruções para a aplicação dessa, que parece e, que no fundo, acaba sendo, a prova de fogo para alunos, professores e pensadores da educação de todo o país. Infelizmente, mesmo sem ainda possuir os resultados dessa avaliação, não é difícil prever que este está longe de ser bom e, quiçá, regular. A situação, na verdade, é muito pior do que pensam aqueles que só acompanham as notícias pela mídia escrita ou falada e não a vivem de fato.
O desabafo que faço não tem como objetivo investigar teorias, nem mesmo citar especialistas em Educação, ou números que mostrem seu fracasso. Trata-se apenas de uma tentativa de traduzir aquilo que acontece dentro das paredes das escolas municipais do Rio de Janeiro e que não se restringe a seus muros, pois é nessas escolas que são formados os cidadãos do mundo, que são crianças, jovens e adultos que passam pelas escolas, mas que, em sua maioria, não usufruem delas o que elas têm de melhor e ao deixá-las nada aprendem com elas. Onde está o problema? De quem é a culpa? O que fazer agora para recuperar o que ficou para trás? E o tempo que se perdeu? Essas têm sido apenas perguntas de retórica, pois ninguém sabe, ou não quer, ou não pode respondê-las.
Como um Titanic, a Educação afundou e, poupadas as devidas proporções, o comandante também sabia que bem a sua frente havia um iceberg e tendo sido avisado, através de protestos daqueles que trabalham nas salas de aula e daqueles que põem seus filhos nas escolas não acreditou, ou fingiu não acreditar que o desastre era inevitável. E foi! Resultado: milhares de cidadãos não sabem ler e escrever, quando já deveriam estar interpretando e produzindo textos fluentemente, resolvendo questões complexas de Matemática, discutindo sobre os avanços da humanidade e refletindo sobre o passado e o futuro do planeta. São estrangeiros dentro de seu próprio país, uma vez que ainda não possuem as ferramentas necessárias que fazem deles homens e mulheres, Brasileiros!
De quem é a culpa? De fato, não é necessário achar culpados agora. A situação pede que ações sejam tomadas imediatamente, mas não ações sem fundamento ou com fins "politiqueiros", o momento pede ações baseadas na feia e dura realidade que temos, e que os envolvidos em Educação, aqueles que estão dentro das salas de aula diariamente, aqueles que sentem na pele a aspereza da situação, que também se entristecem com tudo isso, mas que ainda nutrem esperança de ver a situação melhorar, também sejam ouvidos, pois deles pode partir a solução para este problema.'
A professora Palmyra Baroni enviou carta ao Extra onde demonstra sua preocupação com o desempenho dos alunos durante o Provão:
'Às vésperas de mais uma avaliação da rede pública de ensino da Prefeitura do Rio de Janeiro, que ocorre no dia 19 de março, encontro-me sobrecarregada de informações e instruções para a aplicação dessa, que parece e, que no fundo, acaba sendo, a prova de fogo para alunos, professores e pensadores da educação de todo o país. Infelizmente, mesmo sem ainda possuir os resultados dessa avaliação, não é difícil prever que este está longe de ser bom e, quiçá, regular. A situação, na verdade, é muito pior do que pensam aqueles que só acompanham as notícias pela mídia escrita ou falada e não a vivem de fato.
O desabafo que faço não tem como objetivo investigar teorias, nem mesmo citar especialistas em Educação, ou números que mostrem seu fracasso. Trata-se apenas de uma tentativa de traduzir aquilo que acontece dentro das paredes das escolas municipais do Rio de Janeiro e que não se restringe a seus muros, pois é nessas escolas que são formados os cidadãos do mundo, que são crianças, jovens e adultos que passam pelas escolas, mas que, em sua maioria, não usufruem delas o que elas têm de melhor e ao deixá-las nada aprendem com elas. Onde está o problema? De quem é a culpa? O que fazer agora para recuperar o que ficou para trás? E o tempo que se perdeu? Essas têm sido apenas perguntas de retórica, pois ninguém sabe, ou não quer, ou não pode respondê-las.
Como um Titanic, a Educação afundou e, poupadas as devidas proporções, o comandante também sabia que bem a sua frente havia um iceberg e tendo sido avisado, através de protestos daqueles que trabalham nas salas de aula e daqueles que põem seus filhos nas escolas não acreditou, ou fingiu não acreditar que o desastre era inevitável. E foi! Resultado: milhares de cidadãos não sabem ler e escrever, quando já deveriam estar interpretando e produzindo textos fluentemente, resolvendo questões complexas de Matemática, discutindo sobre os avanços da humanidade e refletindo sobre o passado e o futuro do planeta. São estrangeiros dentro de seu próprio país, uma vez que ainda não possuem as ferramentas necessárias que fazem deles homens e mulheres, Brasileiros!
De quem é a culpa? De fato, não é necessário achar culpados agora. A situação pede que ações sejam tomadas imediatamente, mas não ações sem fundamento ou com fins "politiqueiros", o momento pede ações baseadas na feia e dura realidade que temos, e que os envolvidos em Educação, aqueles que estão dentro das salas de aula diariamente, aqueles que sentem na pele a aspereza da situação, que também se entristecem com tudo isso, mas que ainda nutrem esperança de ver a situação melhorar, também sejam ouvidos, pois deles pode partir a solução para este problema.'
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