
Por / Sandra Silva
Há perigo no ar! Elis Regina já dizia isso em uma de suas maravilhosas canções. A sociedade brasileira caminha sobre uma corda, tipo aquela que se vê nos espetáculos circenses onde o equilibrista atravessa de um lado para outro com uma vara de compensação ou, os mais arrojados, fazem o trajeto contrabalançando consigo mesmo. A cada semana que o calendário avança novas diabruras contra a moral e a decência, acrescidos da crescente violência contra o cidadão. No rol do desenfreado tumulto que vivemos já se inclui as crianças que estão sendo torturadas pela morte precoce provocada por bandidos que perderam totalmente o que se poderia chamar de sanidade racional. Estes indivíduos, protegidos pela legislação penal e o estado de direito, desfrutam de tratamento civilizado enquanto nossas famílias pranteiam seus mortos e aleijados. Não tardará que teremos uma sociedade fazendo justiça pelas próprias mãos já que o Estado não conseguiu cumprir com sua função. Exemplo disso se tem tido sistematicamente. A semana que ora finda registrou o caso de um jovem de 24 anos que tentou furtar os passageiros de um ônibus no Rio de Janeiro e foi literalmente surrado até a morte. As pessoas cansaram. Estão exauridas. Literalmente estressadas de esperar que se trancafiem os assaltantes, os homicidas, os estupradores, os corruptos, os meliantes de qualquer natureza. Prósperos empreiteiros, excelsos desembargadores, preclaros juízes, notáveis políticos são citados cotidianamente como autores de ilicitudes, receptores de propinas, coisas mal havidas e outras do gênero. E o cidadão que vive no barraco, na periferia ou na favela, desempregado, vendendo cedês e devedês piratas para alimentar a extensa prole que não soube planejar, tem de correr para não ser pego pela fiscalização que lhe vai aplicar penalidade geradora de receita pública que alimentará aquele grupo citado acima. Eis o Brasil atual. Há perigo na esquina, sim! Fecha-se o período semanal com novo escândalo. Um senador, representante maior de uma instituição que lembra a Roma antiga, é estampado aos olhos da nação e do mundo também como arrolado e enrolado em teias corrosivas. Não há mais dúvida: a sociedade precisa se impor. Talvez buscando força no exemplo dos acadêmicos da USP que tomaram a reitoria de forma civilizada e sem líderes porque todos o são. É hora dos alto falantes tocarem “Apesar de você” e “Para não dizer que não falei das flores”, de Raul Seixas e Gerando Vandré, respectivamente. É hora do basta. Em 1964 as vias públicas de São Paulo, Belo Horizonte e Rio de Janeiro, em especial, recebiam centenas, milhares de brasileiros, famílias honestas e decentes, em caminhadas democráticas pedindo que o mal fosse estancado. Precisamos de um movimento maior do que aquele. Precisamos de um movimento social do tamanho do Brasil.
E-mail: sandrasilva33@yahoo.com.br
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