Brasília - A Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) informou que, pela primeira vez, o Poder Público fará leilões para concessões a empresas de ônibus no país. A inciativa é reconhecida pelos trabalhadores que temem, porém, o desemprego. “Não há uma vírgula que fale do trabalhador”, reclamou o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transporte, José Alves Filho, sobre o novo modelo de concessão para o transporte terrestre interestadual. Para ele, “haverá desemprego” pois a proposta do governo deverá reduzir o número de ônibus em trânsito.José Alves Filho refere-se a um dos estudos técnicos da ANTT - Modelo de rede funcional - que define como objeto de licitação a concessão de 4,2 mil ônibus para circulação, quase um terço do número de veículos em circulação atualmente (12 mil ônibus).O presidente da Associação Brasileira de Transportes Interestaduais, Renan Chieppe, não tem dúvida de que haverá desemprego. Ele afirmou que após a entrada em vigor do novo modelo, poderá ocorrer “morte de empresas” e corte de 20 mil postos de trabalho.Renan Chieppe critica a falta de pesquisa para elaboração da proposta. Segundo ele, não foram feitos, por exemplo, estudos sobre os hábitos e expectativas do consumidor e um plano macro considerando a oferta de outros serviços de transporte (modais)Afonso Mazur, da Confederação Nacional dos Usuários dos Transportes Coletivos Rodoviários (Conut), teme que o “usuário pague a conta” e que o serviço possa piorar de qualidade. Na sua opinião, a proposta ainda “não está acabada”.A superintendente da ANTT, Sônia Haddad, admite que haverá um processo de transição entre as atuais concessões e o novo modelo, que poderá durar até 18 meses. Esse processo será monitorado e vai variar de acordo com o lote de ligações interestaduais.A agência promoveu desde janeiro oito reuniões técnicas para discutir com a sociedade o novo modelo. As reuniões ocorreram em Salvador, Fortaleza, São Paulo, Belo Horizonte, Curitiba, Cuiabá, Belém e Brasília. Nas reuniões foram discutidos os parâmetros de funcionamento, metodologia de remuneração, formas de gestão e controle e os contratos de concessão.
(Gilberto Costa Repórter da Agência Brasil)
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