(José Flores de Jesus)
Atento ao seu povo e ao seu tempo, o poeta Zé Kéti mostrou-se um verdadeiro cronista. Vistos principalmente de cima do morro, problemas do Rio e do Brasil foram registrados em seu canto. Não nasceu no morro, mas teve oportunidade de ali viver por um tempo, ou mesmo sempre freqüentar. Assim, passa a compreender aquele universo marginalizado. Em "Acender as velas", por exemplo, denuncia a miséria que matava as crianças, em vista da desassistência e dificuldades."É mais um coração/ Que deixa de bater/ Um anjo vai pro céu (...) O doutor chegou tarde demais/ Porque no morro/ Não tem automóvel pra subir/ Não tem telefone pra chamar/ E não tem beleza pra se ver/ A gente morre sem querer morrer". É claro que hoje o morro não é bem assim. Os problemas são outros. No samba "Os Tempos Mudaram", samba feito há mais de 15 anos, Zé Kéti denuncia a criminalidade, que, aliás, persiste: "Já não se pode andar nas ruas da cidade/ Meu povo está com medo/ Do Rio de Janeiro antigo só saudade/ (...) Meu samba está de luto/ Envergonhado com a criminalidade." Mas não fica só no Rio: "Qualquer cidade grande/ Sofre do mesmo mal/ Na Avenida São João/ No cruzamento da Ipiranga/ Os trombadinhas vão correndo/ Do policial/ Até chegar a marginal" E termina: "De norte a sul do meu país/ Não há mais coração feliz/ O rico assalta por vaidade/ Na impunidade/ E o pobre por necessidade." Precisa dizer mais alguma coisa? São muitas a crônicas deixadas por esse sambista, sensível e muito ligado ao mundo que o cercava. Esses dois sambas aqui mostrados são parcos exemplos, mas que dão bem a grandiosidade desse poeta-cidadão. (Pecê Ribeiro)
Cantou o samba, as favelas, a malandragem e seus amores. Nasceu no bairro de Inhaúma, em 16 de setembro de 1921, embora tivesse sido registrado, em 6 de outubro. Em 1924, foi morar em Bangu na casa do avô, o flautista e pianista de João Dionísio Santana, que costumava promover reuniões musicais em sua casa, das quais participavam nomes famosos da música popular brasileira como Pixinguinha, Cândido (Índio) das Neves, entre outros. Filho de Josué Vale da Cruz, um marinheiro que tocava cavaquinho, cresceu ouvindo as cantorias do avô e do pai. Após a morte do avô, em 1928, mudou-se para a Rua Dona Clara.
Mudou-se para Bento Ribeiro em 1937 e, logo depois, passou a freqüentar a Portela por intermédio do compositor Armando Santos, diretor da escola. Em 1940, ingressou na Polícia Militar, onde serviu por três anos. Em1945, entrou para o grupo de compositores da Portela - que ainda não era estruturado como "ala" - escola que mais tarde assumiu como a sua de coração. Em 1950, afastou-se da escola por problemas em relação à autoria de algumas composições e foi para a União de Vaz Lobo (1954), só retornando à Portela no início da década de 1960. Em 1960, abriu uma barraca de peixes na Praça Quinze, em sociedade com Luiz Paulo Nogueira, filho do senador udenista Hamilton Nogueira. Foi responsável pela revitalização do samba, na época em que surgiu a bossa nova. Zé Quietinho ou Zé Quieto eram os seus apelidos de infância. Quieto virou Kéti porque a inicial K do nome artístico era a letra que na época era vista como de sorte, nomeava estadistas como Kennedy, Krushev e Kubitscheck. O próprio sambista divulgou a versão numa de suas falas do Show Opinião, estrelado por ele de 1964 a 1965 ao lado de Nara Leão e João do Vale.
No início dos anos 1970, separou-se da segunda mulher - com a primeira teve cinco filhos - e foi para São Paulo.
Nesta época, tinha uma firma de reforma de prédios, a Ortensur. Além disso, acumulava os cargos de funcionário público e representante de um laboratório farmacêutico.
Em 1974, criou o serviço de transportes marítimos São Gonçalo - Paquetá, através da Marketti Transportes Marítimos LTDA. Em 1987, no início de julho, teve o primeiro derrame cerebral. Fixou residência em São Paulo, no bairro da Consolação, morando com o filho José Carlos. Em 1995, voltou para o Rio e foi morar com uma das filhas. Continuou compondo, cantando e lançou um disco. Em janeiro de 1999, recebeu a placa pelos 60 anos de carreira na roda de samba da Cobal do Humaitá. Em agosto, com a morte de sua ex-mulher, entrou em profunda depressão. Morreu a 14 de novembro, aos 78 anos, de falência múltipla dos órgãos.
Mudou-se para Bento Ribeiro em 1937 e, logo depois, passou a freqüentar a Portela por intermédio do compositor Armando Santos, diretor da escola. Em 1940, ingressou na Polícia Militar, onde serviu por três anos. Em1945, entrou para o grupo de compositores da Portela - que ainda não era estruturado como "ala" - escola que mais tarde assumiu como a sua de coração. Em 1950, afastou-se da escola por problemas em relação à autoria de algumas composições e foi para a União de Vaz Lobo (1954), só retornando à Portela no início da década de 1960. Em 1960, abriu uma barraca de peixes na Praça Quinze, em sociedade com Luiz Paulo Nogueira, filho do senador udenista Hamilton Nogueira. Foi responsável pela revitalização do samba, na época em que surgiu a bossa nova. Zé Quietinho ou Zé Quieto eram os seus apelidos de infância. Quieto virou Kéti porque a inicial K do nome artístico era a letra que na época era vista como de sorte, nomeava estadistas como Kennedy, Krushev e Kubitscheck. O próprio sambista divulgou a versão numa de suas falas do Show Opinião, estrelado por ele de 1964 a 1965 ao lado de Nara Leão e João do Vale.
No início dos anos 1970, separou-se da segunda mulher - com a primeira teve cinco filhos - e foi para São Paulo.
Nesta época, tinha uma firma de reforma de prédios, a Ortensur. Além disso, acumulava os cargos de funcionário público e representante de um laboratório farmacêutico.
Em 1974, criou o serviço de transportes marítimos São Gonçalo - Paquetá, através da Marketti Transportes Marítimos LTDA. Em 1987, no início de julho, teve o primeiro derrame cerebral. Fixou residência em São Paulo, no bairro da Consolação, morando com o filho José Carlos. Em 1995, voltou para o Rio e foi morar com uma das filhas. Continuou compondo, cantando e lançou um disco. Em janeiro de 1999, recebeu a placa pelos 60 anos de carreira na roda de samba da Cobal do Humaitá. Em agosto, com a morte de sua ex-mulher, entrou em profunda depressão. Morreu a 14 de novembro, aos 78 anos, de falência múltipla dos órgãos.
Saiba tudo sobre a vida e a obra de Zé Kéti acessando o site
Dicionário Ricardo Cravo Albin da Música Popular Brasileira
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