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sábado, 28 de dezembro de 2013

LITERATURA - Roupa nova para a obra do Velho Hem

Periodicamente, as editoras relançam coleções de grandes autores em edições renovadas, com novas capas - e, geralmente, novas traduções, artigos acadêmicos e outros materiais que enriquecem a experiência da leitura e atraem novos leitores. A bola da vez é o norte-americano Ernest Hemingway (1899-1961).
Prêmio Nobel de Literatura em 1954, o Velho Hem (como o chamava um de seus mais famosos apreciadores, o escritor Charles Bukowski) ganhou elegante tratamento gráfico para suas obras no Brasil, com uma identidade visual amarrando a coleção, do  designer  Angelo Allevato Bottino.
Clean, o visual criado por Botino tem sua constante na assinatura de Hemingway em alto relevo no canto superior esquerdo das capas, com uma ilustração (ou foto) relativa a cada livro como adorno. Já saíram cinco de suas obras mais clássicas nesse padrão: O sol também se levanta, O velho e o mar, Paris é uma festa, Adeus às armas e Por quem os sinos dobram.
Em tempo: as traduções são as mesmas - Adeus às armas, por exemplo, tem tradução de Monteiro Lobato (1882-1948). Porém, mais do que dar um upgrade visual na estante do apreciador habitual, relançamentos como este costumam ser ótimo ponto de partida para novos leitores.
Fim trágico
Ícone da chamada Lost Generation (Geração Perdida), grupo de escritores e intelectuais que se refugiaram em Paris no entre guerras, Hemingway era um misto de romancista e aventureiro.
Um homem extremamente sensível, mas que, fiel às suas contradições, amava esportes, digamos, de macho, como touradas, caçadas, pescarias em alto mar, boxe e dirigir ambulâncias no front italiano da 1ª Guerra Mundial.
"Hemingway pertenceu à Lost Generation, definição cunhada por Gertrude Stein, musa de um grupo de escritores que, no interregno das guerras mundiais,  esvaziaram a crença em valores considerados absolutos ou  eternos", define o escritor baiano Hélio Pólvora, ele mesmo tradutor de As Aventuras de Nick Adams, volume de contos do autor norte-americano.
Hemingway praticava a  ficção "de um descrente, um niilista que busca a aventura como contrapartida ao tédio de um mundo já banalizado. Depois dele, e paralelamente com Franz Kakfa, a boa literatura reflete uma sensação de perda e busca de identidade", opina.
Não a toa, sua vida teve fim trágico e melancólico: "Já idoso e dominado pelas limitações da velhice, indignas de um sportsman, ele enfiou na boca os dois canos de uma espingarda de matar elefante - disparou", lembra Hélio.
Economia semântica
Diante da máquina de escrever, contudo, era capaz de realizar o máximo - com um mínimo de recursos literários. "Ele foi o corifeu (indivíduo que mais se destaca na defesa de uma ideia) dos que procuram a palavra exata, sem adorno - a palavra capaz de resumir situações e temperamentos", resume.
Essa economia semântica pode parecer algo simples, mas essa é uma noção superficial: "Escreveu com simplicidade - mas uma simplicidade enganosa, produto de despojamento e depuração", observa Hélio.
"Fez literatura superior,  na medida em que, em vez de descrever ações e sentimentos de personagens, deixou-os transparecer no que eles diziam e, sobretudo, no que faziam, na maneira como reagiam à vida", diz.

Por conta do perfil de macho aventureiro, é ainda hoje cultuado tanto pela produção literária, quanto pela personalidade forte: "Mas creio que cultivou mais a raw life (vida rústica), pela necessidade de ser e criar heróis másculos numa sociedade de fracos e medíocres", conclui Hélio Pólvora.

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