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sexta-feira, 8 de março de 2024
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024
Bangu, a maternidade do futebol brasileiro!
A história e o legado de Thomas Donohoe.
Ao ler o título desse texto você deve estar se perguntando: “Ue, não foi Charles Miller que trouxe o futebol para o Brasil, em especial, para São Paulo? ”. Pois bem, venho aqui trazer uma outra história sobre o nascimento do futebol brasileiro, e seu pano de fundo é o simpático bairro do subúrbio carioca.
Essa história começa em maio de 1894, mês e ano em que Thomas Donohoe chegava ao Brasil. Danau, como era chamado, era um escocês pálido, magro e bigodudo, nascido em 1863 em Busby e que cruzou o Oceano Atlântico para trabalhar na Companhia Progresso Industrial do Brasil, ou Fábrica Têxtil de Bangu.
Donohoe já era um apaixonado pelo esporte bretão desde sua terra natal, e teria trazido com sigo a sua melhor amiga, uma bola de futebol, a 1ª a rolar em terras Tupiniquins, mais especificamente, em solo banguense. A teoria de que o escocês seria o pai do futebol brasileiro tem mais fundamentos lógicos do que documentais, mas mesmo assim deixa aquela dúvida no ar.
A questão toda é que, Charles Miller, de acordo com os registros oficiais, teria organizado a 1ª partida de futebol no Brasil em 15 de abril de 1895, entre funcionários de empresas de São Paulo: a Companhia de Gás e a São Paulo Railway, ambas formadas, em grande parte, por britânicos radicados no país. Ocorre que, esse jogo foi realizado quase 1 ano após a chegada de Donohoe ao Brasil, e o apaixonado escocês teria que ter suportado cerca de um ano sem praticar a sua maior paixão, o futebol. É aí que entra a contestação levantada em Bangu. A versão no bairro é de que a Companhia Progresso Industrial do Brasil, recebeu partidas de futebol ao longo de 1894 em seu pátio. Na 1ª partida, Thomas teria montado duas balizas sem travessão, sem goleiro, com cinco jogadores de cada lado. Isso tudo em uma tarde de domingo, o único momento que os funcionários da fábrica tinham de folga.
De acordo com Carlos Molinari, autor de livros como “Almanaque do Bangu” e “Nós é que somos banguenses”, por Donohoe ter chegado quase 1 ano antes de Charles Miller no Brasil, havia mais do que tempo hábil para a realização da 1ª partida, fora que Bangu, naquela época não possuía nenhuma forma de entretenimento e que se resumia a fábrica e residências. Nem as igrejas serviriam de alento, já que Donohoe e a maioria dos britânicos da fábrica, eram protestantes.
Infelizmente, os registros que defendem a “paternidade” de Thomas Donohoe são escassos. Há citações em livros, registros em arquivos da fábrica e, o mais importante, a tradição oral, com a passagem das histórias de pais para filhos. Porém, não há confirmações oficiais, como aconteceu com Charles Miller.
Hoje, a Companhia Progresso Industrial do Brasil, ou Fábrica Têxtil de Bangu, virou o Shopping Bangu, que mantém parte da estrutura física dos tempos de fábrica. Lá existe uma exposição permanente com espaço reservado ao futebol. Ali estão as chuteiras usadas pelo escocês há mais de 100 anos e também uma réplica daquela que seria a primeira bola usada no Brasil. Há também uma estátua de Thomas Donohoe na entrada do shopping.
Apesar de não estar na ata de inauguração, Donohoe foi um dos fundadores do Bangu Atlético Clube, em 1904. A ideia de formar um clube, anos antes, foi vetada pelo presidente da fábrica. A troca na diretoria deu maior liberalidade à prática do esporte e permitiu que a agremiação nascesse. O futebol ganhava aquele que viraria um dos clubes mais tradicionais do Rio de Janeiro.
Thomas Donohoe, já um quarentão, jogou muito pouco pelo Bangu. Mas seu filho, Patrick Donohoe, foi o maior ídolo do clube nos anos 1910. Foi um goleador, inclusive em clássicos – caso dos dois gols marcados na vitória de 4 a 2 sobre o Flamengo em 1918.
O Donohoe pai morreu em 2 de abril de 1925, sem jamais retornar à Europa. Deixou como legado um clube que seria vice-campeão brasileiro de 1985 e bicampeão carioca, além de uma torcida que dá sentido ao conceito literal de bairrismo.
O escocês que cruzou o mar em busca de uma vida melhor não pensava em pioneirismo, ele só queria fazer o que mais amava, que era jogar futebol.
**Esse texto é dedicado a minha esposa, Amanda Fernandes Tatagiba, ex moradora de Bangu e entusiasta da história de Thomas Donohoe.
Por
VICTOR ROCKENBACH
- | 29 de abril de 2022
sábado, 20 de janeiro de 2024
"Sebastião, diante de tua imagem tão castigada e tão bela penso na tua cidade peço que olhes por ela..."
sábado, 13 de janeiro de 2024
sábado, 6 de janeiro de 2024
OBRIGADO, ZAGALLO!
OBRIGADO, ZAGALLO!
É com imenso pesar e profunda tristeza que recebemos a notícia do falecimento de Mário Jorge Lobo Zagallo, o nosso Zagallo. O Botafogo lamenta a partida de um dos seus maiores ídolos, campeão como jogador e treinador, com um currículo vitorioso e notável no esporte, uma verdadeira lenda do futebol brasileiro. Desejamos força aos familiares, amigos e fãs. Seu legado no Glorioso e no futebol jamais será esquecido. Descanse em paz, velho lobo!
Maior campeão do mundo de todos os tempos, reverenciado e admirado por uma legião de fãs, ídolo de várias gerações, Mário Jorge Lobo Zagallo morreu nesta sexta-feira (5), aos 92 anos. O anúncio foi feito nas redes sociais do ex-treinador e ex-jogador da Seleção Brasileira.
Titular nas Copas de 1958 e 1962, técnico do timaço de 1970 e coordenador da Seleção no Mundial de 1994, Zagallo ergueu quatro troféus de Copas do Mundo. Insuperável nos quase 100 anos de história da competição.
Amigos, treinadores, jogadores e dirigentes esportivos de todo o planeta lamentaram a partida do Velho Lobo, como costumava ser chamado.
"A CBF e o futebol brasileiro lamentam a morte de uma das suas lendas, Mário Jorge Lobo Zagallo. A CBF presta solidariedade aos seus familiares e fãs neste momento de pesar pela partida deste ídolo do nosso futebol", afirmou o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
"A CBF decreta luto de sete dias em homenagem ã memória do seu eterno campeão e se compromete em reverenciar o seu legado. Em 2022, inauguramos uma estátua em homenagem ao eterno campeão no Museu da CBF e não esqueceremos da emoção que compartilhamos", completou o presidente da CBF.
Nos seus 92 anos, Zagallo nunca escondeu a paixão pelo futebol. Mesmo antes de começar a carreira na base do America-RJ já indicava que queria ser jogador. Não era à toa que seus colegas e vizinhos o convocavam para peladas de rua ou nos campinhos da Tijuca quando, ainda criança, morava nesse bairro, na zona norte carioca.
Zagallo nasceu em Atalaia, município de Alagoas, a 48 quilômetros de Maceió. Mas, com apenas oito meses de vida, já se mudara para o Rio com a família. O pai, Aroldo Cardoso, que chegou a jogar pelo CRB, de Alagoas, mesmo diante da habilidade do caçula com a bola, preferia vê-lo estudando e só se convenceu de que Zagallo poderia seguir no futebol após a intervenção do primogênito, Fernando.
Com a bola nos pés, franzino, Zagallo não ganhava praticamente nenhuma dividida. Compensava a falta de massa muscular com velocidade, visão de jogo e inteligência, o que enervava os zagueiros brucutus.. Depois de sua passagem pelo America, notabilizou-se no Flamengo, no qual conquistou o tricampeonato carioca em 1953/54/55.
Com suas atuações no Rubro-Negro, passou a ocupar um lugar na Seleção brasileira e fez parte do time que ganhou a Copa de 1958, no Chile. Naquela competição, marcou um dos gols da goleada do Brasil sobre a Suécia por 5 a 2, na decisão do título.
Já consagrado, viveria outros momentos de muita intensidade durante sua permanência no Botafogo, do segundo semestre de 1958 a 1965. Foi nesse período que conquistou o bicampeonato mundial, ao lado de seus colegas de clube Didi, Nilton Santos, Amarildo e Garrincha, lendas do esporte.
Em 1970, obteve o terceiro título de Copa do Mundo, como treinador do dream team que reunia Pelé, Clodoaldo, Tostão, Gerson, Jairzinho, Rivellino, Carlos Alberto Torres e outros craques. Abraçou o novo ofício também com empenho e alegria. Com o respaldo da façanha no Mundial do México, permaneceu na equipe na Copa de 1974, na Alemanha, vencida pelos anfitriões em histórica decisão com a Holanda.
Sua trajetória como técnico já o qualificava como um dos melhores do mundo. Aos poucos, começou a ganhar todas as divididas fora de campo, em embates com outros treinadores, jornalistas e jogadores de nome. Esteve novamente no comando da Seleção brasileira no Mundial de 1998 e na Copa de 2006 trabalhou como auxiliar de Carlos Alberto Parreira.
Ao longo dos anos, Zagallo foi colhendo a admiração por frases de efeito que soavam engraçadas e criavam empatia com o público. A mais conhecida, “vocês vão ter que me engolir”, marcou parte importante de sua carreira. Mencionada pela primeira vez em 1997, quando o Brasil, dirigido por ele, conquistou a Copa América vencendo os seis jogos que disputou, soou inicialmente como desabafo contra jornalistas que estariam fazendo pressão para Vanderlei Luxemburgo assumir o cargo.
Zagallo decidiu não continuar profissionalmente no futebol em 2011, com 79 anos. Em 2012, o tetracampeão sofreu o maior baque de sua vida - a morte de sua esposa Alcina, com quem estava casado havia 57 anos. Os dois tiveram cinco filhos. Supersticioso, dizia que Alcina era a mulher ideal, pois a soma das letras do nome dela com o seu era igual a 13, número ao qual rendia graças por considerá-lo atrelado à sorte e à fortuna e ao amor.
O respeito e afeto pelos amigos de longa data era outro aspecto revelador da personalidade de Zagallo. Em 2021, ao completar 90 anos, recebeu mensagem especial de Pelé. “Nós já fomos companheiros de time. Já fomos adversários. Já fui seu jogador e você meu treinador. Mas acima de tudo sempre fomos grandes irmãos. Você é um líder, um mentor, um ídolo e um amigo de coração imenso, que o futebol brasileiro jamais irá esquecer.”