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sexta-feira, 1 de julho de 2011

Conhecimento de causa

“Um certo príncipe, sentindo-se menosprezado pelas damas da corte, resolveu procurar um chapéu que lhe melhorasse a aparência. Depois de anos a fio numa busca vã, descobriu que o problema não estava nos chapéus, porém nele próprio que não tinha cabeça! Moral da história: combater os efeitos, ignorando as causas, é não combater”.

Eu sempre digo que conhecimento de causa, honestidade e seriedade são fundamentais para qualquer empreitada na vida.
Trabalhando nas comunidades vejo esse conceito sendo reforçado a todo instante. São tantos os casos e acasos que se eu não tivesse ali concentrado, compenetrado, atento a este processo em constante movimento, que é a vida nas comunidades, a minha canoa já teria virado e bota tempo nisso.
Educação comunitária não é um projeto e sim um processo em constante movimento. Segundo Moaci Alves Carneiro - é da essência da educação comunitária não receber qualquer tipo de influxo externo para a sua concretização. A comunidade, como a natureza, não queima etapas. Educa-se no ritmo próprio de cada dia e na sincronização dos eventos cotidianos, sem acelerações culturais nem atropelos técnicos. Tentar apressar este processo significa intervir, impropriamente, em sua intimidade cultural, procurando-se estabelecer um controle que somente a ela cabe fazer. Ademais, usurpando dos grupos comunitários o direito de escolherem sua própria rota, estas investidas, prenhes de modismo, são quase sempre vazias de um sentido educativo -.
Não posso deixar de registrar o perigo que representa, por exemplo, usarem a educação comunitária como forma inovadora de assistencialismo e promoção social. Segundo Moaci Alves Carneiro no seu livro Educação Comunitária Faces e Reformas “esta percepção explicita-se muito bem nos diversos tipos de campanha empreendidas pelos poderes públicos em setores básicos como saúde, educação, etc. Procura-se curar as doenças sem jamais enfrentar-lhes a etiologia.
No Nordeste, um exemplo muito ilustrativo desta esdrúxula forma terapêutica ocorre com os trabalhadores da seca. O governo distribui algum alimento, porém, nunca aplica o Estatuto da Terra, pelo qual o nordestino faminto poderia produzir seu próprio alimento. É, ainda, o caso das campanhas oficiais para que as populações tomem água fervida, ao mesmo tempo em que descura inteiramente da infra-estrutura de saneamento”.
Importa dizer que o ponto de partida da educação é a própria comunidade, como função global da vida das pessoas. Aqui, tudo é educação, porque tudo é processo cultural. Ora, a cultura é a vida como é vivida. Ou, como afirma Mounier: "Para um ser que se faz e se faz pelo desenvolvimento, tudo é cultura: a construção de uma usina ou a formação de um corpo, a realização de uma conversa ou o manejo do solo".
É por isso que digo que é preciso ter conhecimento de causa, honestidade e seriedade, principalmente no tocante a educação comunitária.

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