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segunda-feira, 22 de agosto de 2016

TOMÁZ ANTÔNIO GONZAGA (Literatura)


Gonzaga é considerado a expressão máxima do arcadismo brasileiro. Em Marília de Dirceu deixa entrever sua personalidade lírica ao cantar a amada, Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, sob o nome pastoral de Marília. Apesar da formalidade do modelo retórico árcade, sua poesia estabelece estreita relação entre a vida e a obra do autor.


Nas Cartas Chilenas – conjunto de poemas que circulam anonimamente em Vila Rica, entre 1787 e 1788 -, seus versos assumem um tom satírico. Aponta as irregularidades do governo de Luís da Cunha Menezes, configurando o ambiente de Vila Rica ao tempo da preparação política da Inconfidência Mineira.
Nasceu no Porto, em 1744, mas viveu parte de sua infância na Bahia. Formou-se em leis na Universidade de Coimbra, em Portugal. De volta ao Brasil, foi juiz de fora em Beja e depois ouvidor de Vila Rica, para onde se transferiu em 1782. Apaixonou-se por Maria Dorotéia Joaquina de Seixas, musa inspiradora de quase toda sua obra lírica. Aguardava apenas licença para se casar, quando foi denunciado e preso por participar da Inconfidência Mineira. Degredado em Moçambique, conseguiu refazer sua vida.
Trabalhou como procurador da Coroa e da Fazenda e juiz da Alfândega, casando-se com Juliana de Sousa Mascarenhas. Faleceu em 1810.
Alguns poemas de Tomaz Antônio Gonzaga:
MARÍLIA DE DIRCEU 
Lira I, parte 1 ( fragmento )
Eu, Marília, não sou algum vaqueiro,
Que viva de guardar alheio gado,
De tosco trato, de expressões grosseiro,
Dos frios gelos e dos sóis queimado.
Tenho próprio casal e nele assisto;
Dá-me vinho, legume, fruta, azeite;
Das brancas ovelhinhas tiro o leite,
E mais as finas lãs, de que visto.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela!
Eu vi o meu semblante numa fonte,
Dos anos inda não está cortado;
Os Pastores, que habitam este monte,
Respeitam o poder do meu cajado.
Com tal destreza toco a sanfoninha,
Que inveja até me tem o próprio Alceste:
Ao som dela concerto a voz celeste
Nem canto letra que não seja minha.
Graças, Marília bela,
Graças à minha Estrela! …

MARÍLIA DE DIRCEU
Lira XII, parte 2 ( fragmento )
… Quando levares, Marília,
Teu ledo rebanho ao prado,
Tu dirás: Aqui trazia
Dirceu também o seu gado.
Verás os sítios ditosos
Onde, Marília, te dava
Doces beijos amorosos
Nos dedos da branca mão.
Mandarás aos surdos Deuses
Novos suspiros em vão.
Quando à janela saíres,
Sem quereres, descuidada,
Tu verás, Marília, a minha
E minha pobre morada.
Tu dirás então contigo:
Ali Dirceu esperava
Para me levar consigo;
E ali sofreu a prisão.
Mandarás aos surdos Deuses
Novos suspiros em vão. …
MARÍLIA DE DIRCEU 
Lira XV, parte 2 ( fragmento )
Eu, Marília, não fui nenhum Vaqueiro,
Fui honrado Pastor da tua Aldeia;
Vestia finas lãs e tinha sempre
A minha choça do preciso cheia.
Tiraram-me o casal e o manso gado,
Nem tenho, a que me encoste, um só cajado.
Para ter que te dar, é que eu queria
De mor rebanho ainda ser o dono;
Prezava o teu semblante, os teus cabelos
Ainda muito mais que um grande Trono.
Agora que te oferte já não vejo,
Além de um puro amor, de um são desejo. …
CARTAS CHILENAS 
Carta 3ª ( fragmento )
… Pertende, Doroteu, o nosso Chefe
Erguer uma Cadeia majestosa,
Que possa escurecer a velha fama
Da Torre de Babel, e mais dos grandes
Custosos edifícios, que fizeram,
Para sepulcros seus os Reis do Egito.
Talvez, prezado Amigo, que imagine,
Que neste monumento se conserve
Eterna a sua glória; bem que os povos
Ingratos não consagrem ricos bustos,
Nem montadas estátuas aos seu nome.
Desiste, louco Chefe, desta empresa;
Um soberbo edifício levantado
Sobre ossos de inocentes, construído
Com lágrimas dos pobres, nunca serve
De glórias ao seu autor, mas sim de opróbrio. 
Desenha o nosso Chefe sobre a banca
Desta forte Cadeia o grande risco
À proporção do gênio, e não das forças
Da terra decadente, aonde habita.
Ora pois, doce Amigo, vou pintar-te
Ao menos o formoso frontispício:
Verás, se pede máquina tamanha
Humilde povoado, aonde os Grandes
Moram em casas de madeira a pique. …

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